Reflexão em Essência Compartilhada

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Outro dia me perguntaram: Catia porque você escreve?




Outro dia me perguntaram: Catia porque você escreve?
E fiquei um tempo analisando a pergunta, não por não saber o que responder, mas porque é uma pergunta que não penso em responder que não com meus textos.
Mas a pergunta que segue é: mas e se for pouco pra quem perguntou?
E meus pais nunca respondiam a nenhuma pergunta, sempre empurravam um para o outro ou então diziam: Deixa de ser boba menina! Vai arrumar alguma coisa pra fazer.Mas eu já fazia tanta coisa.Já cozinhava aos cincos anos.Já cuidava de algumas tarefas de gente adulta.
Lembro que aos seis anos tinha uma dor de cabeça horrível,
Era insuportável e minha mãe doente não tinha como cuidar nem dela. Morávamos em São Paulo e para passar minha dor eu pegava alguns litros de água bem gelada e derramava sobre a cabeça.Lembro que adormecia tudo e logo parava de doer.
Então nessa época eu resolvia as coisas da minha forma, mas sempre resolvia. Depois fui crescendo e vendo que não podia fazer muita coisa.E assim fui me calando , apenas absorvendo, guardando , retendo e me escondendo em mim.
Quando passei a escrever para teatro eu dei minha voz para os atores e atrizes que dirigia com todo meu ser. Amava dirigir,na verdade ainda amo.
Percebi que assim eu cuidava das coisas do meu jeito mais uma vez.
Foram dezoito anos.
Amava ir para o fundo da platéia, sempre anônima e ver a reação das pessoas, ouvir o que pensavam alto, como eram afetadas pelo texto e pelas falas.
Quando pensei em Fragmentos dei voz os dois lindos poetas que mas eles só escreviam quando estava amando ou estavam desamados.Isso não me era confortável.
Porque pra mim escrever é um prazer, é um ato de puro prazer.
Escrevi em silencio guardando tudo bem guardado por um bom tempo.
Mas...
Um dia aprendi a soltar minha voz em forma de palavras, em forma de idéias, em forma de poesia.
Escrevo porque gosto de escrever, escrevo porque me faz feliz.
E ainda mais feliz quando alguém diz: puxa você escreveu algo que me ajudou de alguma forma.
Por isso sei que palavras são terapêuticas.
E agora respondo a pergunta:
Escrevo por é minha voz que ultrapassa meus limites, elas vão sem alem de mim e como um lindo amigo me disse outro dia:
A palavra tem sempre que nos ultrapassar.

Catiaho Alcantara 02 de fevereiro de 2008 as 01.32hs

4 comentários:

Anônimo disse...

Catiaho,

Venho aqui, nesta madrugada e encontro um belo texto!

Belíssimo texto!

Mais tarde tentarei te dizer por que escrevo.

Agora, estou te respondendo ao comentário deixado, diretamente lá no blog Mude.

Abraços, flores, estrelas..

Poeta Eterno disse...

A palavra somos nos...
E é divinamente inspirativo pensar que estamos ultrapassando esses limites.. da pra olhar la pra tras.. e puxa... ainda tem gente andando pelo caminho que a gente percorreu...
Estamos sempre, na vanguarda de nossas almas... assim nos mantemos plenos.

D.R.G. AMPLEXOS disse...

Voz de nós mesmos, aquela que fala sem nos escutar; palavras: formas complexas das gargantas de nossas almas. Escrever, com palavras: é se entregar a você mesmo e deixar-se cair no fluxo eterno de significados. Trazendo a chave, esquecê-la e dizer: sirvo eu?

Inês Marinho/Procuro leitores disse...

Amei! Vou ler novamente!
Para analisar poeticamente:

"A palavra tem sempre que nos ultrapassar"

Gosto de interiorizar, rasgar, entender, fazer crescer,enfim, ser tocada pela poesia!

Beijos!!!

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